O prefeito Valdomiro Lopes (PSB) determinou a retirada do projeto de lei que cria seis novas vagas na Câmara de Rio Preto por conta da pressão popular. O chefe de gabinete, Alex Carvalho, se reuniu ou telefonou para vereadores e pediu para que a proposta fosse enterrada no Legislativo ainda ontem. “Acaba com essa m...”, afirmou Alex para um dos parlamentares. “Não é vergonha. Liga para a imprensa e diz que tirou a assinatura e acabou”, continuou o chefe de gabinete, segundo apurou o Diário.
Cinco dos seis vereadores atenderam o apelo do governo prontamente - Jabis Busqueti (PTB), Tadeu de Lima (PSDB), Manoel Conceição (PPS), Nelson Ohno (PSB) e Walter Farath (PR) protocolaram ofício na diretoria legislativa com pedido de desistência do projeto que aumentava de 17 para 23 cadeiras na Casa, a partir de 2013. Com a decisão dos vereadores, a proposta será arquivada. Apenas Gerson Furquim (PP) não assinou o documento.
Nas conversas com os vereadores, o chefe de gabinete deixou claro que o objetivo da administração é abafar o movimento #vergonhariopreto, que foi criado na esteira do protocolo do pacote de horrores, que tinha, além do aumento de cadeiras na Câmara, a criação de 230 cargos em comissão na Prefeitura, a aumentos de salários para prefeito, secretários e vereadores. Somente o projeto dos apadrinhados foi aprovado. Os que reajustam salários de agentes públicos foi retirado na semana passada.
Com a decisão da Câmara, o governo aposta no enfraquecimento do movimento popular e tenta impedir possível desgastes a Valdomiro, que se transformou - ao lado do presidente da Câmara, Oscarzinho Pimentel (PPS) - alvo principal dos manifestantes. Os dois foram inclusive vaiados durante visita da presidente Dilma Rousseff a Rio Preto.
Alex argumentou a vereadores que a retirada do projeto elevando o número de parlamentares na próxima legislatura seria uma forma de já impedir que os estudantes se organizassem e voltassem às galerias da Casa durante a sessão de hoje. Para o governo, não é interessante a presença constante de manifestantes nas sessões da Câmara.
O Diário apurou que o objetivo da administração é que tudo “volte ao normal” nos próximos dias, principalmente, com o fim de manifestações durante as sessões. O governo tem, inclusive, monitorado a articulação dos integrantes do movimento #vergonhariopreto pelas redes sociais - Facebook e pelo Twitter. Manoel Conceição disse que o objetivo dos parlamentares era aprovar 21 vagas na próxima legislatura. “Do jeito que está vai ficar nos 17 vereadores”, afirmou Conceição. Tadeu de Lima disse que houve um “consenso” entre os parlamentares para retirar a proposta. “O povo não quer. Tem de respeitar”, afirmou o tucano.
Na semana passada, o presidente da Câmara já havia anunciado a retirada do projeto que previa aumento de 75% nos salários dos vereadores, passando de R$ 4,8 mil para R$ 8,4 mil. Foi arquivado ainda a proposta de aumento para o salário do prefeito de R$ 9 mil para R$ 12,6 mil - o que aumentaria o teto salarial pago a servidores públicos do município. Com a decisão da Mesa Diretora, o reajuste de R$ 4,7 mil para R$ 6,3 mil para vice-prefeito também não vai acontecer. O mesmo vale para os secretários municipais que teriam subsídios aumentados de R$ 7,7 mil para R$ 8,4 mil.
O chefe de gabinete, Alex de Carvalho, admitiu que conversou com alguns vereadores, mas negou que tenha partido dele a ordem de retirar o projeto de aumento de seis vereadores na Câmara. “Não pedi nada, mas fizeram o certo. Tomaram a medida correta. A Câmara é independente. Foi uma decisão pessoal dos vereadores”, desconversou Alex.
Apadrinhados
A lei que autoriza Valdomiro a contratar 230 comissionados e distribuir 266 gratificações a servidores de carreira foi publicada no diário oficial de domingo. As primeiras contratações podem sair já nesta semana.
Pedágio arrecada fundos para manifestos
Integrantes do movimento #vergonhariopreto prometem fazer um pedágio em frente ao prédio da Prefeitura de Rio Preto hoje, a partir das 14 horas. O objetivo é arrecadar recursos para a confecção de 200 camisetas, que serão usadas em ato no dia 7 de setembro, além de outdoors. Pela internet, os estudantes tentam cotizar R$ 2 mil.
O movimento usa a criatividade para divulgar sua indignação contra a aprovação do projeto dos apadrinhados pelos vereadores. O modelo de outdoor traz a fotografia de Oscarzinho com os seguintes dizeres: “hoje você ri da população, em 2012 a população vai rir de você. #vergonhariopreto”. Abaixo da imagem do presidente da Casa estão as fotografias de Valdomiro e dos vereadores Alessandra Trigo (PSDB), Carlão dos Santos (PTB), Eduardo Piacenti (PPS), Emanuel Tauyr (DEM), Gerson Furquim (PP), Jabis Busqueti (PTB), Jorge Abdanur (PSDB), Manoel Conceição (PPS), Maurin Ribeiro (PC do B), Márcio Sansão (DEM), Nelson Ohno (PSB), Tadeu de Lima (PSDB) e Walter Farath (PR). Todos que aprovaram o projeto dos apadrinhados, que foi sancionado no último domingo.
Ontem, os estudantes entregaram ao Ministério Público documento com 1.043 assinaturas em abaixo-assinado pela internet intitulado “Liberdade e Justiça para Todos - São José do Rio Preto”. Iniciado na última quarta-feira. O documento pede a fiscalização das sessões promovidas pela Câmara. O presidente da Câmara, Oscarzinho Pimentel (PPS), já é alvo de investigação aberta pelo promotor de Justiça Sérgio Clementino. O vereador é suspeito de cometer ato de improbidade administrativa por encerrar sessão sem nenhum motivo - no dia 11 de agosto - e distribuir senhas privilegiando apadrinhados da administração, na última sessão, na distribuição de senhas.
FONTE: diarioweb
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